quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Natural/Artificial, ou, Para que serve todo tempo do mundo?

"A massa nunca se eleva ao padrão de seu melhor membro, pelo contrário, degrada-se ao nível de seu pior!" Thoreau
Me encontrava escutando uma canção, quando me dei conta de sua letra. E me dei conta, novamente, de como somos bobos em acreditar em na neblina dos momentos e na artificialidade das pessoas e nos sorrisos falsos e beijos torpes e etc. As músicas nos fazem lembrar de pessoas, momentos, sensações, paixões, e essa fez justamente isso. Acredito que esse é o espírito das canções, como o dos escritos: o encanto. É curioso como a artficialidade das canções populam as rádios e ouvidos de todos, assim como escritores vazios, charlatães, pipocam nas pratelaires de top 10 alguma coisa nas livrarias. E o pior essas palavras não parecem ser escritas, e sims excrementadas, são obras dos que ocupam nossas cadeiras de imortais (mas esse é um outro tópico). Artificiais.
Considerei a seguinte questão: qual o ponto de diferenciação entre natural e artificial? Me recordo de já ter escrito algo sobre isso, mas sobre um outro ponto de vista, por um viés biológico, e nesse caso busco algo mais próximo de uma antropologia. Mas a biologia serve de base para o início da destruição. Biologicamente o que difere um ser artificial de um natural? Muitos podem responder: isso é óbvio!
Digo que todos que precipitam-se deixam passar muitas coisas, perdem as pequenas coisas, deixam passar os olho sobre os pequenos detalhes, bem lentamente. Pense num homem do século 21, ponha a imagem dele e de seu cotidiano na sua mente. Toda seus instrumentos são artificiais! De sua "toca", sua locomoção, sua proteção, etc. Agora pense em alguém que por algum motivo, qualquer motivo, perdeu seus membros inferiores e o substituiu por próteses. Ele ainda é natural?, ele é artificial?, ou a artificiliade é quantitativa? Ou ainda, a mais importante das questões: o homem é artificialmente natural, ou, o homem é naturalmente artificial?
Agora abandonemos o caracter biológico da coisa, e pense na sociedade do século 21. Não vejo nada de natural nela, é tudo plástico e concreto e vidro e aço e cimento! Vejo os "artifícios sintéticos" que são utilizados para as pessoas deixem de sentir as dores do mundo, a criação de novas doenças da alma, a degeneração inveterada do natural.
Pessoas artificiais.
O que desperta nosso interesse em alguém? É alguém onde um simples olhadela revela tudo sobre ela, como a maioria das pessoas que habitam essa bola de lodo. Cobertas com toda sua insignificância de marcas e ostentação. Ou seria alguém coberto por uma bruma de interrogações, um semblante de confusão. Ora, não sejamos hipócritas, não aqui.
Mas alguns erros são irreparáveis, alguns momentos são impossíveis de voltar, algumas pessoas são apenas representações que fazemos delas... O mundo é natural, a maioria das pessoas são artificiais; As vezes fazemos as coisas certas com as pessoas erradas, agindo naturalmente com a artificialidade. Mesmo não sabendo o ponto de diferenciação, quando deixamos de ser um e somos o outro (quem é natural deve saber disso, mas que é artificial, se engana pensando que é natural por ser idêntico aos demais), não quero ser, ou quero deixar de ser, artificial. Talvez nem queira ser/existir/estar!
Eu Odeio Estar Aqui!

Livro: Alberto Manguel - Mesa com o Chapeleiro Maluco: Ensaios Sobre Corvos e Escrivaninhas;
Som: Ludov - Notre Voygae (a música que inspirou o texto; você deveria lê-la);
Filme: O Sétimo Selo (pela necessidade de um xeque-mate, de um fim, de uma razão última);
Maldição: as vezes damos todo tempo do mundo a alguém que simplesmente quer ver o tempo passando!
Quadrinho: Neil Gaiman - Coisas Frágeis 2;
PS: Como é possível somar um mais um e se obter um par, ou ainda, escrito de outra maneira, quem já teve um amor sabe que a dor é que ensina a ser como somos, ou mais, meu lugar é longe do teu passado sem assombrar o seu futuro!

Um comentário:

  1. A velha dúvida ontológica paira sobre o ar. Natural e artificial. Ser e o não-ser... ou ainda: Essência e Acidente! O Artificial é somente o acidente procurando ser a essência.

    Talvez.

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