terça-feira, 31 de agosto de 2010

Postagem curta, ou, Diferenças!

Um posto rápido! uma coisa passou pela minha mente perturbada e inquieta. Será que existem diferenças entre: Você não é pior do que ninguém! e, Você não é melhor do que ninguém?
Com o tempo pretendo desenvolver isso!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O que você deseja, ou, Seu corpo?!

Estava inclinado a desenvolver um texto sobre algo relacionado a gênero, tenho escutado muita coisas sobre isso ultimamente, inclusive bandas riot grrl nacionais. Mas acabei por tomar um rumo um pouco diferente, apesar da questão de gênero estar num sub-contexto das entrelinhas desse texto. 
Vou falar sobre o corpo, e se ele realmente nos pertence. Você considera-se dono de seu corpo? É uma pergunta, que parece à primeira vista, de resposta objetiva. Mas retendo questioná-la, não no caracter ontológico da coisa, passo do pressuposto de que nossos (esse "nossos" aqui já não representa um sinônimo de posse, é apenas referencial) corpos existem, e tudo mais que sentimos realmente existe. Fato!
Agora pensemos em nosso cotidiano, tudo que fazemos com eles. Nossas vontades impulsionam nossos corpos? Nem sempre, muitas vezes nossas vontade são derivadas de impulsos exteriores. Reagimos com nosso corpo em resposta ao corpo de outro, impulsos gerados por meios de comunicação de massa, etc.
Vejamos alguns pontos bastante "carregados". Analise-mos por exemplo a masturbação feminina, apesar de todo desenvolvimento e liberdade sexual alcançadas até o século 21, esse ponto ainda carrega um peso medieval, e já que fala-se em masturbação, pense em sexo e no números de vezes que limitamos nosso corpo, nossas vontades para com o corpo, pelos outros!? Pense em saúde pública, SUS, médicos etc. Eles opinam e decidem sobre seu corpo, que remédio tomar, o que comer, que exercício fazer. Aborto é proibido, suicídio é pecado, alto mutilação é coisa de gente louca, tatuagens e piercings e coisas do gênero ainda carregam uma boa dose de preconceitos. Quando foi a última vez que você tomou uma decisão importante sobre seu corpo?
Mesmo que sejam decisões consideradas por muitos como ruins, pense em drogas: ou elas são proibidas e de fácil acesso, ou são vendidas inadivertidamente em qualquer farmácia; cigarros hoje em dia são cada vez mais boicotados, logo logo as pessoas apenas poderão fumar as escondidas, como ocorre com algumas drogas hoje. Bebidas, esse é um caso a parte a pesar de várias recomendações com relação aos efeitos dela em menores de idade e motoristas, o povo precisa ficar ébrio, é uma solução do estado. Por falar nele, ele decide quase que exclusivamente o que podemos comer, que remédios podemos usar livremente, qual drogas somo proibidos de consumir, sem a devida receita, com suas secretárias e ministérios. O que vestimos é ditado por uma mão invisível que se propaga em ondas pelo ar, e aí daquele que as ignorar é praticamente excluído do meio social. E certamente vocês devem pensar em mais um zilhão de exemplos de posse!
Quando foi a última vez que tomou uma decisão importante sobre seu corpo, uma decisão realmente sua?
Eu sei a resposta para mim, é por isso que...
Eu Odeio Estar Aqui!

Som: Bulimia - Nosso corpo não nos pertence (... foi um som que me inspirou muito a escrever isso);

Livro: Neuromancer - Willian Gibson;
Filme: Irreversível  - IЯЯƎVƎЯSIBLƎ (um excelente filme de Gaspar Noé, que nos fornece algumas idéias sobre as conseqüências de nossas decisões sobre os corpos alheios...);

Maldição: o eterno ir e vir das coisas e pessoas me incomoda muito, a incerteza, o saber onde colocar os pés para evitar que o mundo desmorone abaixo deles...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Nostalgia, ou, A Morte que veste branco

Um texto antigo, de uma época em que as coisas ainda não eram tão cheias de som e fúria, uma época que sobrava vontade sem significado, uma época em que o ímpeto não era tudo, uma época de desejos e sonhos. Tolices...
O brilho das estrelas é prata
O vestido da virgem é branco
O pecado é a dor quem mata
Porque o pavor da morte é o pranto
E por que não seria?

A seiva da vida se perde
O fruto da árvore caí
E quando nada de vida se pede
A morte que veste branco lhe atraí.
E por que não seria?

Agora que nada mais resta
E o corpo que sem amor jaz em torpor
Então por que a pressa?
Se a morte que veste branco não lhe traz desamor
E por que não seria?

E agora que nada da vida
Me impede de calar-me
Que mal teria sua vinda
Já que a morte que veste branco vem ceifar-me
E por que não seria?

O brilho que já não é mais prata
Agora veste um manto
Que é da cor de quem mata
A Morte que veste branco
E quando seria?
Zeka 2001

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Natural/Artificial, ou, Para que serve todo tempo do mundo?

"A massa nunca se eleva ao padrão de seu melhor membro, pelo contrário, degrada-se ao nível de seu pior!" Thoreau
Me encontrava escutando uma canção, quando me dei conta de sua letra. E me dei conta, novamente, de como somos bobos em acreditar em na neblina dos momentos e na artificialidade das pessoas e nos sorrisos falsos e beijos torpes e etc. As músicas nos fazem lembrar de pessoas, momentos, sensações, paixões, e essa fez justamente isso. Acredito que esse é o espírito das canções, como o dos escritos: o encanto. É curioso como a artficialidade das canções populam as rádios e ouvidos de todos, assim como escritores vazios, charlatães, pipocam nas pratelaires de top 10 alguma coisa nas livrarias. E o pior essas palavras não parecem ser escritas, e sims excrementadas, são obras dos que ocupam nossas cadeiras de imortais (mas esse é um outro tópico). Artificiais.
Considerei a seguinte questão: qual o ponto de diferenciação entre natural e artificial? Me recordo de já ter escrito algo sobre isso, mas sobre um outro ponto de vista, por um viés biológico, e nesse caso busco algo mais próximo de uma antropologia. Mas a biologia serve de base para o início da destruição. Biologicamente o que difere um ser artificial de um natural? Muitos podem responder: isso é óbvio!
Digo que todos que precipitam-se deixam passar muitas coisas, perdem as pequenas coisas, deixam passar os olho sobre os pequenos detalhes, bem lentamente. Pense num homem do século 21, ponha a imagem dele e de seu cotidiano na sua mente. Toda seus instrumentos são artificiais! De sua "toca", sua locomoção, sua proteção, etc. Agora pense em alguém que por algum motivo, qualquer motivo, perdeu seus membros inferiores e o substituiu por próteses. Ele ainda é natural?, ele é artificial?, ou a artificiliade é quantitativa? Ou ainda, a mais importante das questões: o homem é artificialmente natural, ou, o homem é naturalmente artificial?
Agora abandonemos o caracter biológico da coisa, e pense na sociedade do século 21. Não vejo nada de natural nela, é tudo plástico e concreto e vidro e aço e cimento! Vejo os "artifícios sintéticos" que são utilizados para as pessoas deixem de sentir as dores do mundo, a criação de novas doenças da alma, a degeneração inveterada do natural.
Pessoas artificiais.
O que desperta nosso interesse em alguém? É alguém onde um simples olhadela revela tudo sobre ela, como a maioria das pessoas que habitam essa bola de lodo. Cobertas com toda sua insignificância de marcas e ostentação. Ou seria alguém coberto por uma bruma de interrogações, um semblante de confusão. Ora, não sejamos hipócritas, não aqui.
Mas alguns erros são irreparáveis, alguns momentos são impossíveis de voltar, algumas pessoas são apenas representações que fazemos delas... O mundo é natural, a maioria das pessoas são artificiais; As vezes fazemos as coisas certas com as pessoas erradas, agindo naturalmente com a artificialidade. Mesmo não sabendo o ponto de diferenciação, quando deixamos de ser um e somos o outro (quem é natural deve saber disso, mas que é artificial, se engana pensando que é natural por ser idêntico aos demais), não quero ser, ou quero deixar de ser, artificial. Talvez nem queira ser/existir/estar!
Eu Odeio Estar Aqui!

Livro: Alberto Manguel - Mesa com o Chapeleiro Maluco: Ensaios Sobre Corvos e Escrivaninhas;
Som: Ludov - Notre Voygae (a música que inspirou o texto; você deveria lê-la);
Filme: O Sétimo Selo (pela necessidade de um xeque-mate, de um fim, de uma razão última);
Maldição: as vezes damos todo tempo do mundo a alguém que simplesmente quer ver o tempo passando!
Quadrinho: Neil Gaiman - Coisas Frágeis 2;
PS: Como é possível somar um mais um e se obter um par, ou ainda, escrito de outra maneira, quem já teve um amor sabe que a dor é que ensina a ser como somos, ou mais, meu lugar é longe do teu passado sem assombrar o seu futuro!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

E se, ou, Resistindo ao arrastão global!

Mas exibindo seus reluzentes celulares digitais, palm-tops, pára-brisas blindados e bonés Nike, esses são apenas os patéticos vilões da nossa história. Para enquadrarmos os heróis, temos que deslocar o cenário. Visualizemos uma zona metropolitana de um mercado decadente, berço de um verdadeiro exército de desajustados batedores. Becos da fome... Cassetetes... Escopetas... Nesse ambiente hostil, a senha para a sobrevivência consiste numa resposta equilibrada para um recorrente conflito.
Facilmente as pessoas conseguem erguer seu indicador e apontar! Sinto um tremento desconforto quando alguém aponta, não me importa ser apontado, todos que apontam com julgamento, sequer olham para sí, meu desconforto é pelo que eles dizem/pensam: Por que ser assim? 
Ninguém nunca define o "assim"!
Me arrisco a definí-lo porque não tenho medo do questionamento. Assim: chato, cisudo, carrancudo, 
radical, fúrioso, espirituoso, ocasionalmento ébrio, melancólico, triste, incomodado?
(Palavras malditas) E se... não for nada disso? E se, simplesmente não for, ou me fizer, de cego ou louco. Certamente não sou cego, posso ser míope e astigmático, mas não cego. E certamente não sou burro, no máximo inconseqüente. Desculpe, sinto o mundo, não consigo e nem posso deixar sentí-lo.
Não venha me dizer que esses pequenos, poucos e efêmeros momentos de contentamento são a felicidade! A felicidade não é como uma chama ao vento, uma sombra que chega a luz. Não pense que a Felicidade é como uma nuvem, quando do alto você se atira e pensa que ela vai segurá-lo. Óh não, não se engane. Ao atravessá-la você nota que se enganou, e a cada nova nuvem persiste em enganar-se. Veja o solo, encare-o, e talvez você encontre algo em que possa se agarrar, do contrário, aproveite a viagem!
Não teria problema algum, como Diógenes, em erguer a lamparina, durante o dia, e sair como um louco
no meio da Cidade, na multidão plástica de pessoas vazias, berrando: eu procuro o Bem, o Bom, o Amor, a Liberdade, a Felicidade.
Prudhon me ensinou sobre a pobreza, Victor Hugo sobre a miséria, o Mundo e as pessoas sobre a ganância e a superficialidade e o desperdício e o excesso e o materialismo. Não me venha discutir a Felicidade baseado no que tenho, na saúde, educação, etc. Isso não depende do Destino, do Acaso, da Fortuna, do Caos. A Felicidade, como a má-sorte, é um acaso, depende do Destino, da Fortuna. Você tropeça, esbarra, ou ela simplesmente caí do céu em seu colo. Minha vontade, meu ímpeto, minha dedicação, meu espírito, não trazem a felicidade, podem trazer um conforto seguro. Que se desvirtuado nos leva ao uma zona segura de estagnação, que pode ser confundida com Felicidade, pseudo-Felicidade. Óh não, não me venha falar disso...
A cada novo dia desejo que alguém me destrua, me quebre, me prove que estou errado, e que
a Felicidade é possível! Mas ninguém o faz, e continuam apontado e dizendo: o problema é você!, porque ser assim? Sou assim porque acredito em conceitos absolutos: Felicidade, Amor, Liberdade. Será possível estar meio-feliz?, meio-apaixonado (aqui escrevo sobre o Amor não as paixões)?, meio-livre? Se existirem, não servem para mim!, não sou um corpo pela metade, pode ser para aqueles que habitam o esse meio-Mundo, e quando escrevo meio-mundo, parafraseio Fred Zero 4: Não, não, não estamos falando só de macroeconomia ou geopolítica. Estamos falando de mutações, instituições, partidos, valores e concepções (religiões, no final das contas) que se anulam ou se reciclam vulgarmente a cada rotação da terra. De almas e mentes mutantes. Dos abjetos seres PDM – Portadores de Deficiência Moral.
Sou uma pessoa completa quero sentir tudo ao mesmo tempo agora, ouça o silêncio do tempo passando, não quero arrependimento, quero sentimentos completos, avassaladores. Quero o Amor, a Felicidade, a Verdade, a Liberdade. Óh não, não me venham com suas mentes pequenas salientarem minha loucura, não sou como vocês, talvez esteja errado. E hoje, hoje não há um: Eu Odeio Estar Aqui! Hoje é E se...
E SE... FODAM VOCÊS!!!



Livro: Sociedade Individualizada - Zygmunt Bauman (por que é bastante complicado entender como é possível esse coletivo individualizado em que vivemos hoje, essa falsidade estampada em todos as faces cobertas de uma maquilagem universal: a hipocrisia!)
Som: Mundo Livre S.A - Batedores;
Filme: Was tun, wenn's Brennt? - O que fazer em caso de incêndio? (... deixe queimar!!!);
Maldição: toda essa noção falsa de felicidade estampada em livros nas seções de auto ajuda, essa doença coletiva que nos leva a buscar nosso sentido em pseudo-ciências, a estagnação generalizada onde alguns ainda crêem estarem em movimento;
PS: isso deveria ter sido publicado na sexta, mas, enfim, não deu!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Tudo bem?, ou, a hipocrisia da crítica

"- Oi, tudo bem?
- Tudo bem...
...fora o tédio que me consome,
todas 24 horas do dia,
fora a decepção de ontem a decepção de hoje,
e a desesperança crônica no amanhã,
tenho vontade de chorar,
raiva de não poder,
quero gritar até ficar rouco,
quero gritar até ficar louco,
isso sem contar com a ânsia de vômito,
reação a tal pergunta idiota.
...Fora tudo isso, tudo bem."

Oi! Tudo bem? (Perguntas são para quem tem coragem, e já caiu. Pois todos pensam ter respostas para tudo!)
Nada mais cretino que encontrar alguém e fazer essa pergunta. Seguem algumas considerações sobre isso:
a) - Tudo bem. E com você?
- Também.
Ou seja, pura hipocrisia, cegueira, burrice, sei lá. Contemple o Caos, olhe o mundo, tudo vai de mal a pior.
b) A música a cima. O que desencadeia algo como:
- Nossa, que pessoa carrancuda, chata, taciturna, chata, mau-humorada.
Gargalhada. Ou seja quem responde ou é muito cego, ou muito burro, ou muito cego e burro.
(Restaria ainda um outra opção, "c", que, basicamente, seria como a opção "b", mas dita  de uma maneira mais gentil, educada, coisas assim. Desconsidero-a).
Tudo bem, pode se considerar um pouco de exagero da minha parte levar tão a sério todas as mazelas do mundo. Mas todos os dias quando o sol nasce, me permito lembrar de nossa pequenez frente ao universo, e também de nossa também pequena, mas importante passagem frente a cada um dos outros 6 bilhões de malditos seres desse planeta!
Me pergunto se não é realmente válido considerar que esteja me criticando de mais, ou algo assim! Não acredito nisso, cada um sabe de seus erros e não assumí-los e e corrigí-los é, no mínimo, muita covardia. Tanta covardia quanto deixar-se abater por esses erros e estagnar-se. O problema do movimento é que ele sempre depende de um ponto de vista.
Leis Naturais.
Acredito que nelas exista a verdade, essas leis regem o mundo. Leis naturais garantem que vocês/nós vamos morrer, quase nada dura para sempre, e lembrar da morte nos garante uma valorização do peso da vida e do peso dos erros e do peso do medos... Da intensidade, violência e ímpeto do espírito, das paixões!
Talvez sinta uma melancolia hiperbólica, uma amor extremo, uma tristeza profunda ou uma alegria duradoura, minhas paixões são intensas, radicais e nada e ninguém vai mudar isso, não há algo com esse poder. Se elas são intensamente boas ou radicalmente péssimas, como o amor e ódio, são minhas e de mais ninguém, portanto, não me aponte, não me julgue, nem mesmo cite meu nome. Cala-te! Olha para tí e reconheça o que tu és! Repuguine-se à tua insignificância! Tinha medo antes, um medo de fracassar como pessoa, e talvez tenha fracassado, mas continuei sendo eu mesmo. Agora sei do que tenho medo, e talvez ainda seja o mesmo, talvez não. Tenho medo de me tornar aquilo que tanto crítico, que tanto desprezo, aquilo que gera asco, repugnância...
Eu odeio estar aqui!!

Livro: O Louco - Gibran Khalil Gibran (...encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.);
Som: Wishbone Ash - Errors Of my Way (assumir seus erros é uma das coisas mais importantes para que se evite uma decepção futura, pois como humanos decepcionamos, geralmente, hipocritamente, mais com os outros do que com nós mesmos, por não assumirmos nossos erros);
Filme: Estamira (absolutamente todo mundo merece um bom tapa na cara);
Maldição: "O conhecimento é uma coisa admirável, mas é bom recordar que nada do que vale a pena saber pode ser ensinado" (será que há alguma coisa a se considerar sobre isso?!;
PS: queria escrever sobre outra coisa hoje, o amor, mas faltou um pouco de ímpeto. Na próxima vou publicar um texto bem antigo, de quando era jovem e mais são, menos radical, ou vice-versa, nunca lembro! Mas o amor não vai me escapar, alguém lhe precisa dizer umas boas e duras verdades!!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Tudo ao mesmo tempo agora, ou, tudo como o vázio do espaço...

Em vez de amor, dinheiro, fé, fama, eqüidade... me dê a verdade!
Defina uma palavra importante, uma palavra forte, a palavra da sua vida! Ou melhor, sua vida pode ser resumida em uma palavra?
Quando alguém perguntou isso, pensei em um zilhão de palavras de A à Z. Mas a resposta era simples, um substantivo masculino  que não é usado vulgarmente, elã. Como seria confuso explicar o que entendo por elã, procurei um sinônimo melhor: encontrei ímpeto e fúria e espírito. Fúria certamente geraria uma certa confusão de  conceitos. Ímpeto e Espírito, são duas palavras que gosto muito, e sempre dizem algo sobre nós/mim. Espírito pode também realizar uma certa confusão de conceitos, transcendental e/ou religioso. Ímpeto é a palavra da minha vida, pelo menos agora!
Mas a palavra, assim como as ações, são desprovidas de alma, se não estão/são condizentes e fieis as tuas idéias. E parece-me bastante insensato um ímpeto sem alma. O que ocorre, e com freqüência! Perde-se o ímpeto para realizar determinadas ações que nos assombram, assustam, como crianças após um filme te terror, que tem medo de olhar em baixo da cama ou de apagar a luz do quarto. O medo de destruir laços que nos remetem a uma História, a nossa história, construída sobre um feliz alicerce, mas com um desmoronamento caótico. Esquecer o sabor de um primeiro/último/único beijo de alguém que você sabe desejar e jamais vai ter, pois, o passado continua assombrando, e os escombros do mundo pesam sobre seus ombros. Arrumar uma série de fotos, e conseqüentemente, os fatos do passado, sem muito sucesso, pois ao tentar comparar suas cicatrizes, verifica que está sozinho e não há com quem comparar e decidir quem é o pior.
E por fim o ímpeto sempre perde sua alma com uma palavrinha simples: Queria. Pois todos queriam algo, sempre. Queriam uma vida diferente, uma amor seguro, alguém para abraçar, alguém para dizer: eu te amo, e que isso fosse verdadeiro, uma mão para escrever uma estória com final feliz, alguém para abraçar no inverno, um local diferente para se estar, não ter  feito isso, não ter dito aquilo, e até mesmo uma criaturazinha felpudinha do Inferno para imolar em nome de algo. A lista do queria é enorme, o passado condena e o passado, quase sempre condena o futuro. Não lembrar parece ser a unica solução, como uma ebriedade constante, passando todos os dias esquecendo o anterior, sem lembrança, sem História, sem estória, sem erros ou acertos. Não queria nada, desejar a verdade, a liberdade ou algo como a felicidade, é uma tarefa que acaba por destruir todo o ímpeto existente. As infinitas possibilidades do universo parecem sempre afastar as coisas ao redor, e acabam por destruir o espírito! Desculpe Universo, sou algo de convictas idéias, o chão não é o bastante, não queria levantar todas as vezes; levanto todas as vezes, não há queda suficientemente alta, a unica coisa que muda é a quantidade de pó e sangue a serem limpos...
"Darei qualquer coisa por você", é uma das coisas mais belas que podem ser ditas a alguém, basta penas saber quem, quando, e porquê! Como classificar a importância de um momento? É possível fazê-lo no decorrer do momento? Depois das impressões do momento seria correto classificá-lo? É possível ao menos definir um momento?
Basta apenas agora, desistir do peso e do erro e do medo e todas as conseqüências mais da intensidade, do ímpeto, do espírito? Chame como quiser...
E um dia poder ver o sol nascer e dizer para alguém que esteja ao seu lado: Está tudo bem, é um lino dia de sol para se viver...
Enquanto isso, noites e dias desperto, com os olhos cheios de fúria, o coração cheio de um som esquisto, como um cântico de guerra ou um hino aos mortos, as mãos se mexendo tão rapído quanto a mente exige... Eu odeio, muito, estar aqui!

Livro: Guerra e Paz - Liev Tolstói (porque a dicotomia de conceitos é a unica coisa que ainda pode manter alguém sustentado pelo vázio!);
Som: Third Eye Blind - Anything;
Filme: Reine Sobre Mim (ninguém pode estar tão isolado do Tudo à ponto de não encontrar seu caminho de volta (infelizmente?!);
Maldição: Somos o resultado inevitável de nossas tragédias!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O que da mais raiva é ver o sol nascer todos os dias...

O que importa ter algo a dizer, se nem mesmo deseja ouvir!
Do que adianta sentir algo, se é o Vazio que preenche!
Que raios!!! Desejar apenas um fosso, escuro o suficiente, fundo o suficiente!
O que Deus não abençoa, o Diabo condena?, ou abraça?
A vida da voltas demais, por isso enjoa.
A vida é uma força proibitiva humana!

Som: Rise Against - Swing Life Away;
Livro: Mate-me Por Favor - Larry "Legs" McNeil e Gilliam McCain;
Filme: Coisas Belas e Sujas;
Maldição: Ver o sol nascer todos os dias...

sábado, 7 de agosto de 2010

Marshall McLuhan, ou, The Spirit, o necrófilo

"With silence comes peace;
With peace comes freedom;
With freedom comes silence..."
Numa discussão com uma amiga me deparei com algumas questões sobre o conhecimento, e que me fizeram lembrar do velho McLuhan, e do conhecimento passamos para tecnologia e uma coisa leva a outra, não lembro onde terminou, se é que terminou. Sinal de que foi uma boa discussão. Mas o que há de importante nisso, é o mundo a nossa volta, a grande aldeia global.
Em 1982 pelas mãos de Hampton Fancher e David Peoples, baseados nos pesadelos vindos do futuro de Philip K. Dick, alguém disse: A cidade está morta. Em 2008, Gabriel Macht, interpretando o Spirit de Will Eisner, reinterpretado por Frank Miller, disse: A cidade é minha garota, é minha amante, e Ela esta viva.
Concordo com ambos (com exceção da parte da garota/amante), e concordar com ambos é, logicamente, o mesmo que dizer que ambos estão errados. Mas concordo com ambos, pois estão certos. Se você concorda com uma idéia, deve também concordar com sua antítese.
Basicamente vamos estabelecer, segundo McLuhan, que: Aldeia global quer dizer simplesmente que o progresso tecnológico reduziu todo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia, ou seja, a possibilidade de se intercomunicar diretamente com qualquer pessoa que nela vive, e saber tudo sobre todos. Todos imaginam como deve ser viver um uma aldeia!
Meu ponto segue que não é mais uma aldeia, pois cada oca agora abriga uma cultura diferente, cada habitante de cada oca possuí hábitos diferentes,e não é mais uma aldeia, é uma cidade de múltiplas culturas convergindo.
E isso deveria, a menos, nos tornar mais próximos. O que não ocorre! As proximidades são plásticas, falsas, contabilizamos amigos por contadores digitais e conexões virtuais, o calor humano se perdeu. Somos um bando de seres famintos, por tudo, nunca satisfeitos com nada. A cada dia que nasce na cidade, temos novos consumos, novas pseudopaixões. Não percebemos mais que estamos consumindo a nós mesmos, viciados em paixões, que nem isso chegam a ser, por sua efemeridade e falta de objetividade.
Esquecemos do silêncio, devido ao barulho intenso da Cidade;
Esquecemos da paz, devido ao caos da Cidade;
Esquecemos da liberdade, devido a uma escravidão de consumo;
Minhas paixões são intensas, tanto as boas quanto as ruins, esculpidas no espírito e guardadas no coração, e é assim que gosto delas. Mas me parece que com isso uma espécie de toque de Midas reverso acompanha. Ao estar cativado, de alguma forma, pelas pessoas, faz com que elas se afastem. Na multicultura da Cidade, em meio aos seus bilhões de habitantes, parece faltar um lugar para estar, é por isso que...
Eu odeio estar aqui!

Livro: Confiança e Medo na Cidade - Zygmut Bauman
Som: Poets of The Fall - Illusion & Dreams
Filme: Metrópolis - Fritz Lang
Maldição: Amaldiçoou umas coisas chamadas: caráter, educação e conhecimento!
Questiona-me!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Pensamentos se tornam coisas?, ou, e se...

Alguém comentou, recentemente, que a palavra ódio, pode ser muito ofensiva. Não concordo com isso, porque palavras não são nada além de ondas ou sinais gráficos. O que da sentido, referência e significado as palavras, à linguagem, é o meio onde ela se propaga, as pessoas que as proferem ou escrevem, o que pensamos no momento que as falamos-escrevemos. De uma maneira que extrapola a ontologia, ou a desconsidera, nossos pensamentos se concretizam, materializam de alguma forma, sempre, sem exceção. Isso de maneira alguma teria algo a ver com pensamentos positivos trazem coisas positivas e seu contrário, isso relaciona-se com o simples fato de que o que pensamos existe, pelo menos, no momento em que o pensamos.
Deparamo-nos com um problema quando aquelas duas palavrinhas que assombram todos nós, aparecem: e se... Quando nos deparamos com essas palavras, tudo se desmorona e reconstrói, simultaneamente. O passado se corrompe e o futuro se constrói, e no instante seguinte tudo se torna pó, fumaça. Um tipo de truque de presdigitadores, aqui está e agora não mais está! A cada escolha, nos tornamos algo diferente. Somos o resultado, inevitável, de nossas tragédias. Cada escolha, uma morte. Segundo Chopra, 99% das nossas células (não sei a veracidade disso, li num livro) morrem ao longo de um ano, então no decorrer de aproximadamente 365 dias, praticamente morremos. Poderíamos considerar plausível, até mesmo, dizer que passamos mais tempo mortos do que vivos. Ou não!
Mas a morte, os mortos, ou mesmo a vida não me preocupam, os vivos sim, esses me preocupam muito. Como uma espécie pareidolia, eu procuro por faces, mas depois acabo por lembrar-me que não são objetos, quanto mais inanimados, são seres humanos, "abrigados" em suas bolhas. Esses vivos me assombram, me assustam e hoje em dia, não há ninguém ao lado para segurar a mão e enfrentar o mundo, enfrentar o medo...
A solidão não assusta, as companhias que não queremos, sim. "Detesto quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia."
Mas assim é o mundo, é a vida e eu jamais vou me acomodar com isso, já aprendi que não é possível abrir os olhos do mundo para algo além da vidinha vazia num mundo ilusório de propaganda de sorvetes, cada um precisa, se é que precisa, fazer isso sozinho, precisa querer isso. Enquanto isso, continuo aqui, cheio de um espaço que às vezes quero que seja preenchido, e demonstro querê-lo num completo vácuo, permaneço me abrigando do mundo sob um manto de prolixidade e ebriedade recorrente. É por isso que...
Eu odeio estar aqui!

Livro: Cultura da Convergência - Henry Jenkins;
Som: Audra Mae & The Forest Rangers - Forever Young (uma regravação de Bob Dylan, muito interessante);
Filme: Substitutos; Equilibrium e Watchmen (três filmes que falam sobre a mesma coisa: escolhas; o que abdicamos e o que abraçamos e o que destruímos e o peso delas... );
Maldição: Amaldiçoou a capacidade de se importar de mais, de sentir de mais. Por que o que basta, obviamente é o suficiente e o que a demasiado, leva aos vícios e vicissitudes;