É muito fácil sentir ódio! Não isso que as pessoas dizem sentir quando falam algo do tipo: odeio ele, odeio esse livro, odeio brócolis!
Isso não é ódio, o ódio é um sentimento puro, ímpar! E certamente se o amor for um sentimento e não uma série de reações químicas, o ódio nunca será a sua antítese! Ele é muito maior que isso!!
Então, fica muito difícil não odiar. Odiar pessoas, coisas que não são coisa e coisas que são coisas também, instituições, situações, sentimentos, etc... o ódio desperto, é praticamente incontrolável!
Mas sentir o ódio, não torna você uma máquina genocida, um serial killer, ou coisa do tipo! Não ele abre seu campo de percepção, arranca as máscaras do mundinho propaganda de sorvete, você vê o mundo sangrando, o tempo todo!
Seu espírito está destruído, e o um prazer surge de ver tudo sangrando! Não qualquer prazer, um prazer hediondo, o prazer de ver o mundo desvelado, um prazer cheio de rancor e amargura, tristeza e solidão, terror e angustia! Mas tenha certeza, o mundo, imaginativamente dotado de uma Vontade, também têm prazer em te ver sangrando, e não só figurativamente!
Nesse ponto, o ódio, e apenas o ódio é um sentimento válido, um sentimento que faz sentido, o único sentimento real, e infelizmente o único sentimento que vai te salvar do mundo. E ele assume o controle, mesmo que você não queira, seus reflexos contra o mundo são orientado não mais pela razão, mas pelo ódio! Mas ele não pode te salvar de você mesmo, não mais!
É quando você, num breve lampejo de auto-controle, percebe o que o ódio é capaz de fazer com uma pessoa. E nunca é algo bom! Ele te afasta dos outros, da parte boa de toda escória nojenta que é a humanidade! Ele te transforma em algo que você não é, em algo que você nunca foi!! E pior, em algo que você prometeu que jamais se tornaria...
Tudo isso, é o que você efetivamente têm, coisas que você possuí e coisas que possuem você!
Tudo que se têm, é destruição e remorso!
Tudo isso, todo esse peso das coisas terríveis que você encara na sua mente e sente no seu coração!
Nisso que chamam vida, não há futuro!
Uma vez, alguém me perguntou: - Porque você se comporta de uma forma como se não houvesse amanhã? Naquele momento simplesmente sabia que o autocontrole era autodestruição e não precisava de nada além disso! Agora, eu sei, não há amanhã! Tudo que se têm é o agora, não existe amanhã, o futuro é puro terror; a finalidade do amanhã, é guardar a morte!
Nessa vida, não tenho, não temos, não há futuro.
E é por isso que eu odeio estar aqui!!
Livro: Domínio da Vida - Aborto, eutanásia, e liberdades individuais - Ronald Dworkin
Som: Sociopath Shitlist - Alabama Thunderpussy
Filme: Era uma vez eu, Verônica (2012 - BR) - Marcelo Gomes