terça-feira, 18 de agosto de 2015

A (in)esquecibilidade do algo-aí, ou, A mente como monstro metafísico

“Certamente a mente mente...” Guarde bem isso!
O que torna um dia, um momento, um ocorrido, um fato, no espectro pessoal, do sere-em-sí, do eu, inesquecível ou esquecível?
Não sei! E o ponto é que penso que absolutamente ninguém saiba!! Justamente pelo fato de tudo ser esquecível. Não começamos um dia afirmando: hoje será inesquecível/quero esquecer esse dia para sempre. Podemos substituir “um dia” por fatos, momentos, ocorridos… e será o mesmo!
Até mesmo, e isso ocorre várias vezes, depois do algo-aí ter passado, não pensamos na sua (in)esquecibilidade, apenas quando um outro algo acontece, biológico ou metafísico, que faz a reminiscência funcionar, é que nos “recordamos” do algo-aí. Podemos até passar um tempo, sempre relativo, nos rejubilando ou desprezando, abraçados a essa “lembrança”. E essa é A grande mentira, ela ou é ou está nessa “recordação”, nessa “lembrança”!
O cérebro é, obviamente, biológico, nossos processos nele, bioquímicos, físicos; o resultado disso, ou seja, nosso pensar, é metafísico. A mente é metafísica. Isso tange o nível da sensibilidade, do mundo-aí; uma analogia: o intestino é biológico, seus processos bioquímicos e físicos, seu resultado, a merda, é físico, altamente sensível. Penso estarem claras as distinções físico-sensível e metafísico.
Afirmo que nossos espectros metafísicos me momento algum estejam em um pedestal inalcançável pela realidade sensível, pelo contrário. As inter-relações dos seres-aí causam impressões na nossa metafísica, mais indiretamente do que diretamente, mas ambas ocorrem.
Voltemos a problemática das mentiras da mente!
Uma série e estudos das áreas da mente e do cérebro, demonstram que nossas memórias não passam de mentiras, somos capazes de  "lembrar" de fatos, detalhes, que nunca se quer aconteceram! Detalhes criados, fatos criados, momentos criados, uma série de artifícios criados pela nossa mente, sem nenhuma razão lógica aparente.
Logo, percebemos que acreditar nas nossas memórias, não é lá um lance muito eficiente! E, se não podemos confiar nem em nós mesmos, em quem poderemos confiar, não é mesmo? 
Bom, acredito que a pesar das lembranças não serem confiáveis, as lembranças não são a única manifestação da nossa metafísica! Nossos pensamentos são manifestações também, oriundos de um complexo processo que envolve todos os meios, metafísicos e físico-bioquímicos. As manifestações biológicas e metafísicas dos outros sobre nós, como já disse, causam impressões no nosso ser-aí, e tudo que decorremos disso, sem recorrer a instabilidade das lembranças, são manifestações metafísicas confiáveis! Quer dizer, confiáveis não seria exatamente a melhor palavra, pois sentimentos são decorrentes de processos bioquímicos e as manifestações metafísicas podem regular a intensidade deles!
E os sentimentos são um dos fatores mais significativos sobre aquilo que manifesta nossa (in)esquecibilidade do algo-aí!
Não podemos confiar em nossas lembranças, o que pode nos levar a não confiar em nossos sentimentos, o que nos leva a não confiar em nossa metafísica... Inevitavelmente, todo mundo mente, num momento X, para si mesmo, para os outros... Por vontade própria, por descuido, por medo ou por covardia!
E é por isso que eu ainda odeio estar aqui!

Música: Confraria da Costa - Certamente a Mente Mente (https://www.youtube.com/watch?v=2Z_SBErqqnM)
Livro: Qualquer Oscar Wilde está valendo... "I dislike modern memoirs. They are generally written by people who have either entirely lost their memories."
Filme: Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças - Michel Gondry / Charlie Kaufman. "Você ama quem você ama, não importa porquê você ama!"

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Das regras de sobrevivência do mundo...

Inevitável e invariavelmente, as pessoas/seres humanos vão te decepcionar! E isso incluí você sobre si mesmo, num ciclo infinito sobre o outro!
Devido a invariabilidade e relatividade do tempo, isso pode ocorrer no momento seguinte ao que elas lhe causaram sentimentos e sensações das mais belas e agradáveis.
Por isso, nada de pudores! Seja você mesmo, a todo o custo, e tenha sempre a mão um sorriso cínico, um mote, uma litania que seja ao mesmo tempo desconcertante e destruidora; e principalmente, um estoque inesgotável de "Foda-se", para o mundo!!

"...The broken wings, betrayal's cost
They call to me but never touch my heart, now
I am too far
I'm too lost...
...Come join the murder
Come fly with black
We'll give you freedom
From the human trap..."
The White Buffalo & Forest Rangers - Come join the murder