terça-feira, 20 de julho de 2010

Demonios Interiores,ou, por que temos medo do escuro....

"And I,
I want you know;
Everyone's got to face down the demons;
Maybe today
We cant put the past away;
I wish you would step back from that ledge..."
De início, ninguém é inocente. Absolutamente ninguém. Mas nem por isso temos que ser julgados o tempo todo. Ou mesmo sentirmos a culpa por nossos pecados o tempo todo. Como seres humanos somos fadados ao erro. Mas nem por isso devemos simplesmente deixar as coisas acontecerem por acontecer, sem o menor esforço para acertar. O mínimo que se espera de seres racionais é dar o melhor de si para fazer a melhor coisa possível.
Infelizmente a maioria dose seres (ir)racionais do planeta não pensa assim. Sinto me como um maldito parnasian, que ao invés de um torre de marfim, se esconde numa torre de ódio, evitando contato dos os demais. Gargalhando durante a noite, ao observar os que os outros fazem quando a escuridão chega, quando as sombras dominam. Estudo demonstrar que agimos ainda pior quando estamos no escuro, mesmo na penumbra, mesmo com óculos escuros. Algo como um conforto que as trevas nos trazem, deixamos aflorar nosso lado negro, nossos demônios, e nos sentimos seguros. E isso não é algo premeditado, nosso cérebro desenvolvido o faz instintivamente, seja lá o que for esse instinto. Ou seja, podemos considerar que somos naturalmente hipócritas, falsos.
Eu não queria, não quero, ser assim. Quero um lugar melhor, pessoas melhores, e mesmo que fugisse, não encontraria tal lugar entre os meus semelhantes, por isso minha torre de ódio sempre se mostra tão confortável. Sozinho a companhia não é das melhores, mas é melhor que a maioria dos seres (des)humanos, mas sempre encontro conforto, e confronto, com meus fiéis escudeiros. Sempre é possível se esquecer, provisoriamente, da realidade que nos oprime através da embriagues, a embriagues poética de Baudelaire: Il faut être toujours ivre. Tout est là: c'est l'unique question. Pour ne pas sentir l'horrible fardeau du Temps qui brise vos épaules et vous penche vers la terre, il faut vous enivrer sans trêve. Mais de quoi? De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise. Mais enivrez-vous.
O que nos faz termer a escuridão não são os monstros imaginários que ocupam sombras, criaturas em baixo das camas ou alienígenas no armário. Essas são peças que nossa imaginação infantil nos prega, quando crescemos e nos damos conta disso, tememos a escuridão porque descobrimos que os monstros somos nós mesmos. Vemos os fantasmas, fantasmas cansados, esses são os fantasmas de nossos erros assombrando nossas noites. Cimitarras que danças brilhantes na noite, vindo cortar-nos a cabeça, como se isso redimisse nossa culpa. Criamos seres para nos representar, quando somos bons ou maus; mas Deus e o Diabo não recebem julgamentos morais, nós sim.
Me terrífico com nossa/minha monstruosidade, já derramei inumeras lágrimas por isso, mas cansei delas, elas não resolvem os problemas, aliviam a tensão, mas é só. Cansei de ficar vendo o tempo passar, e me impressiona muito o quanto perdemos tempo vendo o tempo passar; ficamos vendo o tempo passar nos 15 minutos finais de uma aula entendiante, ficamos vendo o tempo passar nos 10 minutos antes do final do expediente, ficamos esperando o dia raiar na cama ao lado de alguém que não amamos, não vemos a hora da  boca de alguém que não queríamos estar beijando se afaste da nossa, e cada um de nós pode lembrar desses e de outros exemplos que marcam nossas vidas...
É hora de enfrentar os demônios, encarar nossos erros do passado com um martelo e destruí-los para que das ruínas erga-se um futuro cintilante, oriundo do caos. Sejamos pessoas melhores, para que a escuridão deixe de nos provocar medo, deixemos de praticar os atos atrozes na escuridão, pois mesmo na escuridão, alguém sempre torna-se ciente do que fazemos.
Entre os ratos e vermes chafurdando na lama me sinto entre os meus, pois eles são puramente isso, ratos e vermes, sem hipocrisias, falsidades, efemeridades e sentimentos vázios. Diferente daqueles que físcamente se assemelham a mim, cada vez mais parece ser a maneira de prosseguir, cada vez é mais difícil de prosseguir, é por isso que...
Eu odeio estar aqui!


Livro: O Suicido - Emile Durkheim;
Filme: Die Welle - A Onda (porque infelizmente os seres humanos não sabem vivem com liberdade e demonstram seu melhor e pior sobre quando em estado ditatorial);
Som: System of a Down - Innervision;
Maldição: Que tal amaldiçoar as incontavéis vezes que acertamos, quando deveríamos ter errado; quando a verdade era clara e escolhemos a escuridão, quando mesmo sabendo o que dizer e o que fazer, era exatamente o oposto que realizávamos;
Questiona-me...

Um comentário:

  1. "[...]me impressiona muito o quanto perdemos tempo vendo o tempo passar; ficamos vendo o tempo passar nos 15 minutos finais de uma aula entendiante, ficamos vendo o tempo passar nos 10 minutos antes do final do expediente, ficamos esperando o dia raiar na cama ao lado de alguém que não amamos[...]"

    é muito tempo perdido... se pelo menos nesses 10 minutos do fim da tarde rolasse aquele ócio criativo... mas nessas horas o cara não tá relaxado o suficiente pra criar mais nada.

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