terça-feira, 13 de julho de 2010

Anarquismo e Conhecimento, ou, um Caos calmo..


"...Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres..."
 A frase a cima é de uma pessoa morta, obviamente, já que poucos vivos são inteligentes o bastante para escreverem algo assim, nos dias de hoje. O nome dela é Rosa Luxembrugo, um tempinho atrás espancaram-na, depois deram-lhe um tiro na cabeça e a atiraram numa vala. Hoje seu nome está em praças, ruas, monumentos, etc. Bem humano. Quando será que o mesmo acontecerá com Andreas Baader ou Ulrike Meinhof? Analisando os casos acima é possível verificar que a liberdade possuí um preço: a vida! Aproveitar a liberdade depois de morto não me parece algo sensato. Mas será possível que exista liberdade antes da morte? 
Penso que sim, que é possível haver e exercer a liberdade durante a existência, no entanto é necessário antes de explanar melhor essa idéia, esclarecer alguns outros conceitos. Como por exemplo: a verdade.
Alguém pode perguntar o que é a verdade? Como distinguir o que é real do que é virtual, o que é falso do que é verdadeiro, etc. Me é muito claro que todos, sem exceção sabem o que é a verdade. A verdade é tudo aquilo que penso, cogito ergum sum, aquilo que sinto, por mais que os sentidos e sensações sejam demônios sempre nos ludibriando. O que eu sei e o que eu sinto são reais. O que se conhece é real, o que não se conhece é abstrato, e isso é um grande mal-entendido, mas como Baudelaire já deixou claro: Le monde ne marche que par le malentendu. C'est par le malentendu universel que tout le monde s'accorde. Car si, par malheur, on se comprenait, on ne pourrait jamais s'accorder. malentendu é que nos cerca, é o caos que governa O Universo, um universo infinitamente maior que nossa limitada visão consegue contemplar.
Mas o que pode ser o caos?  Não vejo o caos como aquilo que nos diz o dicionário: substantivo masculino invariável; espaço limitado e amorfo que precedeu à criação do cosmo, confusão, desordem, fluxos meméticos de informações autônomas e descentralizadas por pulsos sensoriais aleatórios e inconscientes do plano comum. Eu gargalho dessa definição coberta de informações e vazia de significado. O caos é organicidade de inteligências coletivas, é um sistema caórdico para transcender mudanças regido por leis naturais da liberdade. Caos é a Anarquia! Anarquia é um ato de liberdade de todos para todos, um organismo complexo formado por todos os seres pensantes visando um futuro maior e melhor que essas máquinas de aniquilação em massa nos mostram 24hr por dia com sua luminosidade incessante, nos atraindo para morte como mariposas; Anarquia é o exercício pleno da liberdade incondicional, a verdade absoluta e a finalidade do homem. Anarquia é utopia cheia de sangue e coragem que se ergue contra essa maldita distopia que nos escraviza, aprisiona, oprime, e pior de todos os, nos deixa cegos e burros...
E esse circo que terminou agora serviu para que uma coisa muito importante, que muitos viram, mas poucos enxergaram, nos tornamos tão estúpidos, que até mesmo um molusco fez acertos categóricos e ficamos maravilhados, diga-se de passagem, com nossa própria estupidez.
Contemplo um mundo coberto de dor e sofrimento, pequenos e efêmeros momentos onde um certo contentamento resplandece. Um mundo onde se aprende a viver só, bem no meio da globalização, no centro de uma aldeia global, é possível que a idéia de que a ninguém encontra uma companhia mais companheira do que a solidão, não seja um completo disparate. Muito pelo contrário é a contemplação de uma lei maior, o caos manifestando-se no intelecto e na observação do mundo.
Desejo o caos, pois, mesmo que de uma forma corrompida, ele já governa o lado de fora. Deixo que ele me governe, pois deixar o caos no controle é tornar-se puro ímpeto, a governança da vontade. Mantenho-me calmo, contemplo o caos do mundo e cerro os dentes fazendo que o ódio e a raiva sirvam de base para que o mundo não me quebre, não me corrompa. Sei o que sinto e o que penso, sou governado por forças que vão além de mim, sem nunca estarem fora de mim e são governadas por mim. Todos estão perdidos, sem orientação, desprovido de pontos cardeais. Perdemos o mundo. E esse é o grande momento, pois quando perdemos o mundo é que se da o início o processo de encontro do eu, o processo de entendimento de onde estamos e a extensão infinita de nossas relações com o todo, com tudo, com o caos... 
Não me importam as horas, os relógios, as atitudes ou trabalhos dos homens, pois amanhecer é quando estou acordado e há uma nova aurora em mim. Por que aquele que não se distância do pensamento vigoroso acompanha o sol, e o dia torna-se manhã eterna. Mantenho um caos calmo dentro de mim...
Vejo a aurora novamente, provei dos venenos da vida e continuo vivo, enquanto outros maiores, melhores e inocentes estão mortos, é por isso que...
Eu odeio estar aqui!!!

Livro: Walden - Henry David Thoreau (porque Thoreau é um dos caras que ainda me entende, e está sempre com novas sugestões epifânicas);
Som: Third Eye Blind - Jumper ( ...eu sei que alguma coisa está errada; bem, todos que conheço têm uma razão para dizer: Afaste o passado; Eu desejo que você afaste-se da beirada, meu amigo; Você poderia cortar os laços com todas as mentiras que você esteve vivendo...);
Filme: Na Natureza Selvagem (está escrito ali em cima: ninguém encontra uma companhia mais companheira do que a solidão);
Maldição: Sem maldições hoje, afinal hoje é dia mundial do rock. Só uma idéia: Viva bem e morra jovem!
Novidade: quer perguntar, questionar, elucidar, criticar: aqui então!

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