terça-feira, 14 de setembro de 2010

Cotidiano, ou, Gritos

"As grandes coisas, surgem das grandes decepções..."
Gosto de escrever sobre o cotidiano, seja do meu ou do geral ou do outro/específico. Mas o cotidiano há tempos anda sem graça, triste, taciturno, e coisas assim. Estou saturado dessas coisas assim, pra todo lado é tristeza e morte, agonia e infecções. E essas coisas se tornaram comuns, não nos chocam mais. Isso é triste demais, há muita tristeza pra pouco contentamento, ou felicidade, chamem como quiserem.
Me sinto completamente repetitivo. Cada vez mais as publicações parecem iguais, não vão para frente, consigo pensar em centenas de coisas durante todo o dia, mas na hora de escrever poucas coisas saltam de minha mente para meus dedos. Me falta inspiração, sofro do mal do mundo. Ah, o eterno quase-vir-a-ser das idéias, o espírito que quase é. 
Não me identifico, não me nadifico, no máximo me destruo, para depois, talvez, conseguir reconstruir. Certamente que sofro do mal do mundo. Tenho ímpeto de mudar, uma coisa de cada vez, ou tudo ao mesmo tempo agora. Almejo amar alguém, busco odiar todo mundo; o ódio como defesa contra um mundo que assusta, fúria como ferramenta para um mundo que grita: Destrua-me; raiva para um mundo, o mesmo mundo, que também grita: reconstrua-me.
A cada dia fica mais difícil saber onde pisar,sem precisar pisar em ninguém. Essa tal sociedade parece nos indicar esse auto pisoteamento como único caminho, único meio de sub-existir. Mas eu desejo apenas existir, ser, mudar acreditar, amar, etc. Tentar ignorar toda essa tormenta ao redor, e colocar toda essa dedicação em algo frutífero, seja uma pessoa ou uma idéia, um sentimento ou uma causa.
Mas tudo isso sempre parece tão longe, tão vazio, esse véu de Maya, essa miragem. Fica complicado saber em que e em quem acreditar e confiar. Esses psicotrópicos subterfúgios que acalentam, mas que no momento seguinte corroem com um dor vazia e agressiva, uma dor muito próxima daquele que sentimos, quando nos damos conta de sentir falta de alguém. Alguém, ou alguma coisa, é sempre tão difícil distinguir um do outro, hoje em dia. O que não se conquista se compra, quem não é conquistado se vende. Aprender a respeitar a si e aos outros, saber que o não pode ser tão bom quanto o sim, ajudar ou ser ajudado na construção das coisas; tudo parece estar recoberto de uma inversão de valores, ou será que é minha visão que anda torpe, nebulosa, vendo apenas os semblantes, os borrões. Já é muito ter dúvidas sobre as coisas, quando mais ter certeza sobre algo, sobre o dia de amanhã...
Eu Odeio Estar Aqui!

Livro: William Gibson - Count Zero
Som: Megh Stock - Feita de Papel
Filme: Green Leaf
Maldição: Sabe a citação lá de cima, então, ainda não sei se espero pela minha grande coisa, ou se amaldiçoou a frase...

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