quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Vida Transitória, ou, Não entendo porque...

"Muitas vezes confiei, até acreditei em tudo o que vi, em tudo que passei; Pois quando mais precisei com poucos pude contar; Só assim percebi, com poucos quero estar!"
Você se julga capaz de separar os momentos ruins e os momentos bons da sua vida? Os sucessos dos fracassos? Acredita que tanto por fora quanto por dentro você está bem? Se julga um bom observador? Sabe quando deve ou não utilizar de subterfúgios para a realidade? Mas principalmente, você sabe quando não está trilhando o caminho certo?
Sempre me pergunto se há um caminho certo?, e sempre entro a mesma resposta: sempre há vários caminhos, mas só trilhamos um de cada vez, as vezes juntos, as vezes separados; e nunca o julgo como bom ou ruim, sei apenas quando as coisas fazem mal ou não, quando machucam os outros ou a nós mesmos. O que me leva a uma recorrente: nem sempre o caminho mais tranqüilo é melhor que o caminho mais dolorido...
Alguém sabe qual o sabor da lágrima que corre por uma homem vil?
E se perguntar por que as coisas são assim, faz tanto sentido quanto a questão anterior. A vida não é justa, mas faz muito tempo que aprendemos que ela não deve ser. A vida não pode possuir tais atributos: justa, injusta, boa, vil, etc... A vida é, e isso basta. Vocês/nós/eu podemos receber atributos, e isso é importante, e o mais importante não é receber atributos, mas sim criá-los para si. Os outros não conhecem você, aquela coisa que vive bem no fundo de você mesmo, aquela coisa que escondemos até de nós mesmo, recoberta de máscaras e escudos e armaduras e todo outro tipo de artifício fantasioso. Aquela coisa lá no fundo que é você tem atributos que você mesmo cria e que poucas pessoas podem alcançar, o resto, bom, resto é pura perfumaria e os outros que se contentem com isso...
Fantasiar é bom? Acredito que sim, mas o absoluto, o verdadeiro o palpável é sempre melhor, por mais desgraçado que seja. Fantasiar é uma espécie de sonho desperto, é como planejar ou criar expectativas, mas lembrem-se sempre que ninguém, absolutamente ninguém vive de planos, sonhos e expectativas; vivemos do que é real e concreto.
O os artifícios mágicos que a realidade nos oferece para que possamos fugir dela são sempre fugazes, se esvaem com o sol da manhã, perdem seus efeitos com o passar das horas, algo como uma ante-cinderela. E nossos sentimentos seguem as mesmas regras e princípios, como qualquer artifício mágico, sentimentos são reações químicas ocorrendo dentro de um mundo desconhecido, esse negócio que chamamos de corpo.
Então, em que eu/você/nós podemos confiar?, se tudo no final se esvai em nada? O que temos para abraçar, para confrontar, para confortar-nos, perante todo esse peso da realidade?
"Depois de ouvir aquelas almas densas
a fronte curvo, e ao ver-me quedo assim,
o meu guia pergunta-me: "Em que pensas ?"
Num suspiro respondo-lhe: "Ai de mim,
que vão desejo, que fugaz encanto
os arrastou ao doloroso fim." A Divina Comédia - Inferno, Canto V. Dante Alighieri
Deus?!
Mais drogas?!
Pessoas e seus efêmeros e sempre confusos sentimentos?
Memórias?! Memórias não seriam apenas assombrações do passado de cada um? Ou tem algum outro fim para nós mesmos, como os fantasmas de Dickens?
Você mesmo!
Acredito em mim mesmo com todas as fraquezas e vícios e vicissitudes, mas principalmente, porque desconheço, quase sempre, meus limites. E é essa a grande questão. Manter o ímpeto ao máximo, ninguém pode dizer que você não é capaz, ninguém pode fazer você sentir como se não merecesse o que busca...
No blog de um amigo ele colocou letras que falam alguma coisa, e finalizo com um letra que diz alguma coisa, sobre tudo que tentei dizer até agora.
"Era tudo diferente, tudo mudou
Realmente não entendo como aconteceu
Tudo estava tão bem, mas algo apareceu
Dois caminhos a escolher, uma resposta a dizer
Às vezes paro pra pensar nas coisas que eu sei
Que fizeram bem pra mim, aos outros eu não sei
Pois quando mais precisei com poucos pude contar
Só assim percebi; com poucos quero estar
Não entendo porque tava tudo tão bom mas não
Tem que se meter, entrar na minha vida
Se intrometer
Não me arrependo de nada do que tenha feito
Não faria nada diferente
Nada é por acaso, tô melhor assim
Se pudesse voltar no tempo
Escolheria esse fim
Não entendo porque tava tudo tão bom mas não
Tem que se meter, entrar na minha vida
Se intrometer
Não entendo porque
Se intrometer
Não entendo porque..."

Som: Suicidal Tendencies - Pledge Your Allegiance (You say control my temper, but when I feel like shit, I feel like shit);
Livro: Um Cântico de Natal - Charles Dickens (por que não importa que seja o passado, o presente ou o futuro, sempre haverá algo para lhe assombrar. E o modo como você lida com as coisas não modifica nada sobre isso...);
Filme: The Rebound;
Maldição: O fato de enlouquecer sozinho com o peso de coisas que nem lembramos porque!

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