quarta-feira, 23 de junho de 2010

Ars Moriendi

Um texto rápido, afinal de contas o sol já vai nascer e com ele a interrogação de um novo dia, e eu preciso trabalhar.
Mas é mais um dia que o mundo faz com que eu deseje me matar, ou matar alguém, ou desejar que quase toda população de seres humanos deixe de existir. Hummm, acho que é só mais um dia, como qualquer outro! Nem tanto, as vezes é preciso deixar a raiva cegar, para que voltemos a ver as coisas com clareza. Vim um semblante que parecia poder me levar para algum lugar melhor, e se mostrou coberto de mentiras e hipocrisias. Vi um outro semblante que se mostrou frágil e dócil, e que me acabou carregando por terrenos que temo todos os dias, mas naquele momento me senti sem querer mais forte. Me senti como se todos os demônios daqui de dentro sucumbissem à algo melhor e maior... cada dia é um novo dia para morrer, mas também é um dia para se viver. Memento mori et carpe diem!
Sei lá, cheio de coisas pra pensar e coisas pra criar e coisas pra resolver e coisas pra esquecer. Por mais bizarro que isso possa parecer, parece que tenho me tornado mais humano, ou menos humano. Algumas pessoas começar a cruzar nossos caminhos pra torná-los mais tortuosos, mas com isso nos fazem pensar e ver como as coisas são. As vezes parece que minha sanidade já não aguenta mais, as vezes ela se mostra ainda maior do que qualquer coisa.
CONFUSÃO. Uma espécie de caos calmo parece se alojar sobre mim, e isso já não é tão terrível, ou não parece tão terrível quanto a morte e/ou a danação eterna. O que me leva a uma simples pergunta: o que é a morte?
Chopra escreveu em algum lugar, alguma vez, que 99% das nossas células morrem todos os anos. Alguém próximo disse que a morte é uma falta de impulsos elétricos. Eu digo que à morte, e abster-se de sentir as coisas, de deixar as coisas nos afetarem, deixar de sorrir e contagiar-se com a alegria dos outros. A morte é não procurar ser livre e deixar-se cego, ou fingir-se de cego. A morte é ter medo de deixar qualquer luz entrar por sentir-se seguro na escuridão, é temer as pessoas que apenas te querem bem, e elas existem mesmo.
Não que eu tenha abandonado meus fiéis escudeiros (raiva, ira, fúria, cólera e ódio), e que tenha passado a confiar na humanidade. Não, isso nunca. Mas começo a perceber mudanças de onde menos esperava que ela pudessem acontecer. O mundo continua a bola nojenta de lodo que tem sido ao longo da evolução (háháhá, a grande piada) dos seres humanos, mas vejo novas possibilidades através de meus olhos clareados por luzes que simplesmente não conhecia, ou não queria conhecer. Sei lá.
É só mais um dia pra ler os jornais e conformar-se, ou é mais um dia para ler o jornal e sentir o que se deve sentir sobre a mentira e a hipocrisia, ou pode ser mais um dia pra se apaixonar, sentir o vento, o calor do sol, a brisa da chuva, o beijo de alguém que te ama, o afeto de quem te gosta, sem se deixar cegar por essas coisas.

Livro: El caminante y su sombra – Friedrich Nietzsche
Som: Belle and Sebastian (Sei lá, to contente porra!!).
Filme: Minha Vida (Mesmo contente, temos sempre que lembrar que nada dura pra sempre, com exceção da matemática, e que todo contentamento acaba com o advento da morte).
Maldição: José Saramago está morto! (Com tanta gente estupida em meio a essas 6 bilhões de pessoas no mundo, por que logo quem não me entendia tão bem quanto eu não me entendo!!).

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