sábado, 19 de junho de 2010

Não sou um patriota, ou, por que o panem et circenses ainda funciona!

Ultimamente, devido a gloriosa copa do mundo, tenho ouvido algumas críticas sobre minha falta de interesse nos jogos, principalmente os da seleção do Brasil. E isso me diverte muito! Diverte-me por que a idiotice dos outros aflora ainda mais, torna-se papável. Eles se esquecem de tudo, é mais fácil lembrar-se de chaves de jogos e de seus horários, do que a lista dos presidenciáveis e horários de entrevistas com os mesmos.
Os meios de comunicação mais comuns, que não servem de exemplo de verdade, esquecem ainda mais o mundo real e mostram tudo da indústria cultural! Não, não mostram tudo, mostram o que há para entreter, entretenimento como adestramento dos que se deixam seduzir pelo som das cornetas, e afinal, de onde apareceu essa maldita palavra vuvuzela?
As cornetas me fazem lembrar de um antigo império que também usava muitas cornetas, e que também mantinha vários circos para entreter a população, um entretenimento para distraí-los e não perceberem que o mundo ao redor ruía. O império romano implementou o panem et circenses, todos estão bem se estão se divertindo. Eu digo a plenos pulmões, eu não estou me divertindo!!!
Eu não me divirto com crianças sendo abusadas sexualmente por seus próprios pais enquanto a Alemanha ganha um jogo; eu não me divirto com as milhares de pessoas em campos de refugiados vivendo em um estado pior que a miséria enquanto um gol é comemorado; eu não divirto com o barulho de tiros, mísseis e bombas oprimindo os cidadãos em Gaza enquanto uma torcida comemora a vitória de um time. E eu não me divirto nem um pouco com a ostentação criada pelo circo da copa num local onde reinavam, e de certa forma ainda reinam de forma mascarada, a fome, a miséria, a apartheid, e por ali grupos de rebeldes “libertadores” massacram seus semelhantes e colocam Kalashnikovas nas mãos de crianças.
Eu não sou um patriota, se ser patriota é torcer para um grupo de pessoas que ganha milhões e são miseráveis de espírito, que formam entidades assistencialistas para as crianças pobres do país com o intuito de abatimentos de impostos e se passam por bons samaritanos. A hipocrisia deles me irrita profundamente, e a nossa cegueira me enche de cólera. É, eu não sou um patriota!
Aviso a todos vocês, vai haver uma eleição, é sério, vai mesmo!! E ela não tem a ver com um circo, apesar de estar cheia de palhaços e mágicos que fazem sumir seu-nosso dinheiro, saúde, educação e principalmente: liberdade. Sim, liberdade, porque possuir um emprego que lhe fornece o suficiente para TV, pipoca e cerveja não torna você livre. O torna tão livre quanto um peixe no aquário ou um roedor na gaiola. Porque enquanto corre na sua gaiola ou nada no seu espaço confinado e é alimentado por algo que você nem ao menos sabe o que é, bom, você não passa de um brinquedo, um fantoche, um joguete, algo descartável e substituível.
Eu não sou um patriota e eu não sou descartável e substituível, eu não me finjo de cego por conformismo e confortabilidade. Abra os olhos, a realidade além do circo é uma opressão e miséria ; o Brasil não é tão diferente do que a África do Sul foi, temos crianças famintas, falta de saúde, educação e segurança. Temos excesso de sofrimento, fome e dor. Eu não quero uma fantasia no meu país, eu não quero uma copa aqui, eu não sou um patriota.
Eu quero uma sociedade melhor, eu quero gastos de milhões e milhões em saúde, educação, cultura de verdade (não o panem et circenses), e não com ostentosos circos. Eu quero crianças saudáveis correndo para irem as aulas, e não de policiais, ou para treinos de futebol. Eu quero ver a verdade, e que todos os outros a vejam, eu quero a liberdade e não a mascarada dominação absoluta. E, eu sou um patriota.
E eu ainda odeio estar aqui!

Livro: Memórias do Subsolo - Fiódor Dostoiévski (porque todos devem ter algo que corroí por dentro e deve ser externado).
Som: Papa Roach - Blood Brothers (um excelente retrato da (des)humanidade).
Filme: Império dos Sonhos - David Lynch (sem comentários).
Maldição: Háahahahah - A COPA!!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A saída e o mundo...

O mundo e a dor, o sofrimento e o prazer…
Nem tudo se objetiva para nós, o mundo é praticamente eterno, os seres humanos não. Mas que raios é um ser humano? Uma molécula de carbono numa caneca de barro cheia d’água no meio do universo? Um predador social antropófago?o agente, o avatar da destruição do mundo para o mundo? Dane-se tudo isso, o que importa, o que realmente importa, além de liberdade e paixões? Emancipação e Felicidade? Amor e morte?
A destruição das coisas para sua reconstrução, para sua reestruturação, a morte das coisas para seu nascimento… E o que teria isso a ver com os seres humanos? Simplesmente tudo. A necessidade da destruição,a morte dos seres humanos, para que desse modo se reconstruísse e atingisse a liberdade,e com ela, esvair-se das paixões; emancipado das paixões, não mais escravo dos desejos, atingira o “delírio universal” tornando-se uma espécie de louco contemplando o fim último dos seres humanos e sua “universalidade”, atingindo a felicidade; o amor objetivo dos seres humanos pelos próprios seres humanos e também o amor por sua finalidade, a morte! Para que todo esse processo inicie novamente… Então, que seja dito a plenos pulmões, por todos: Morte aos homens, vida longa aos homens!!!
Não viverei para ver isso, e sou grato, pois não acredito numa gota do que foi esclarecido, ou melhor, acredito em absolutamente tudo que foi dito até agora, que esse é o objetivo do homem, mas não acredito que em algum momento eles o façam, ou se quer o pensem.
Do que adianta tudo isso então? Me serve para desopilar a angústia, o desespero, o medo do dia seguinte, o medo do despertar, de abrir os olhos pela manhã e pensar: qual a atrocidade, a (des)humanidade nova será cometida hoje pelos seres humanos. E não adianta deixar de dormir, podem ter certeza, eu já tentei. Então supõem-se que a morte seja a saída? Sim, de certo modo , é ela a saída, pois nos retira do mundo, mas ele vai continuar ali, na sua quase eternidade. E isso se torna uma saída falsa, é apenas um afastamento, é uma pseudo-saída.
A única saída é o ímpeto, a vontade de mudança…

terça-feira, 9 de março de 2010

O Mundo não vai me quebrar!!

Acredito, assim como todo mundo, penso eu, que existe uma certa vontade no mundo, um vir-a-ser do mundo para o mundo. Uma potência não revelada. E pra mim essa potência, de uns tempos pra cá, tem sido um vontade imensa de me quebrar. E quando digo quebrar, é algo muito além do sentido físico da coisa, mas que também acaba por passar por ele. Algo no sentido de quebrar meu espírito minha vontade de potência.
Isso não quer dizer que o mundo, como coisa-em-sí, seja mau ou vil, penso que ele está muito acima disso. Os Homens e suas vontades são maus e vis, o mundo é apenas uma força a mais tentando existir no infinito do universo.
As razões para que o mundo reaja de tal forma comigo, e com muitos outros, obviamente, não me interessa, poderia dizer que sou “agnóstico” nesse sentido – obviamente pensando o mundo como deus. O que me interessa é não ser quebrado, colocar minha vontade de potência acima de qualquer vontade do mundo, não simplesmente me achando alguma espécie de deus ou fora superior. Mas simplesmente abrindo os braços no meio da chuva, tentando abarcar o mundo todo, e berrando: Eu não jogo as suas regras, faço as minhas; Não pago o pecado dos outro, cometo os meus; O mundo não me quebra, eu moldo-o a minha vontade.
Obviamente, considerando todos os eventos, me parece que quanto mais eu grito com o mundo mais raiva ele tem e mais tenta me quebrar, e essa meus amigos, essa é a grande diversão daqui.
O ódio de existir aqui, não é pelo mundo, ou pela vontade do mundo, é, genericamente, pelos seres-humanos, esses malditos excrementos de carbono que não medem esforços para corromper e destruir. Utilizam-se das pessoas como coisas, como ferramentas para conseguirem seus artefatos contemporâneos de satus e pompa. Para esses sim eu direciono meu raio de cólera, para esses sim eu aponto a espada do justo e o machado do carrasco, esses sim um dia vão sentir a irá da pena anarquista.
Por que, você se pergunta?
Eu respondo, por que não! Olhe ao redor, pergunte às baleias, aos golfinhos, aos pandas e se fosse possível, pergunte aos dodôs, políticos honestos, filósofos sãos e professores obesos.
Tudo aqui, efetivamente aqui, nessa representação de mundo, nesse planeta, que hoje devido aos seres humanos, é simplesmente uma bola de lodo no meio do infinito (ta, não é infinito, mas deixemos assim) do universo, com exceção dos Homens, merece uma chance de vida, uma chance de paixão, e porque não, uma chance de vingança!
Então digo: Sim, eu aceito as suas tentativas de quebrar-me, mas jamais dar-me-ei por vencido, o mundo não pode, e não vai me quebrar. Sei que antes mesmo de tal epifânia, me dei por vencido, as forças foram maiores do que eu achei que poderia resistir, ah, o deleito do erro, poucas coisas são tão saborosas quanto o gosto do próprio erro, pois é dele que destilamos o néctar do aprendizado.

Livro: Aprender a Viver – Luc Ferry (Porque é uma coisa que todo mundo deveria saber fazer)
Som: Them Crooked Vultures (Porque se alguém cogitar a hipótese de dizer que o rock’n’roll morreu, prove que ele esta errado!)
Filme: Deixa Ela entrar (Låt den rätte komma in)
Maldição: Os baleeiros Japoneses – seus malditos (para maiores informações Sea Shepherd)